Mobilidade elétrica levada a sério….na Colômbia

Na primeira reunião do grupo de trabalho sobre Eletromobilidade do Rota 2030, promovido e coordenado pelo MDIC – Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços – cada entidade participante teve a oportunidade de apresentar sua visão sobre as oportunidades e os desafios.

Tive o privilégio de falar em nome da ABRAVEI e uma das coisas que pontuei é que o Brasil precisava dar atenção e presteza à mobilidade elétrica ou outro país sulamericano assumiria o protagonismo em relação a esse tema no continente. O que eu disse foi pensando na Argentina, que havia divulgado a recente isenção de impostos para veículos elétricos. Mas, creio que temos outro player surgindo para tomar a posição de destaque que tinha tudo para ser do Brasil: a Colômbia.

Um dos colegas do grupo de trabalho, o Luiz, trabalha na Renault. E na semana passada esteve na Colômbia para homologar as estações de recarga para uso dos veículos da marca. E, vejam só: na Colômbia o Renault Twizy custa o equivalente a R$ 40 mil e o recém lançado ZOE, já com a bateria com autonomia entre 300 e 400 Km, deverá custar algo em torno de R$ 143 mil. O preço desse veículo em Portugal parte de pouco mais de 34 mil euros que, na cotação de hoje, equivale a pouco mais de R$ 133 mil. Isso, claro, sem qualquer incentivo do governo português. O preço é apenas para mostrar que a política da Colômbia prevê nada ou pouquíssimo imposto sobre os veículos elétricos, pois o preço de venda é praticamente o mesmo da Europa.

Além da questão dos tributos, a Colômbia está investindo em infraestrutura de recarga de maneira inteligente e organizada. A EPM – Empresa Pública de Medellin – instalou 15 eletropostos públicos de 22kW  com plugue tipo 2 (europeu) que podem ser utilizados mediante um cartão de usuário. E o custo da recarga será pago pelo usuário em sua conta de energia elétrica residencial. A EPM também instalou diversos carregadores de 7,4kW com plugue tipo 1 (americano e japonês).

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Eletroposto na rua com carregadores de 22kW e 7,4kW. Clique na foto e assista ao vídeo.

A 10 minutos da estação acima, já se encontra outra. Também mantida pela EPM, essa estação fica num posto de combustível de bandeira Esso e possui carga rápida nos padrões CCS (com plugue tipo 2), CHAdeMO e carga semi-rápida em corrente alternada com plugue tipo 2.

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Eletroposto de carga rápida num posto de combustível da bandeira Esso. Fica há 10 minutos do outro eletroposto. Cliquena foto e veja o vídeo

E, aqui abaixo, mais um eletroposto com dois carregados com 2 tomadas cada um. Um de 22kW com plugue tipo 2 e outro de 7,4kW com plugue tipo 1.

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Carregador em estacionamento de supermercado. #inveja #somostodosColômbia.  🙂

E a coisa não pára por aí. Medellin tem estações de recarga também para bicicletas. Afinal, mobilidade elétrica não é só sobre quatro rodas. E nem precisa ser cara. As fotos abaixo são de eletropostos no Centro Comercial Oviedo. E, embora o carregador que está avulso indique 7,2kW, ele foi atualizado para 11kW. E tem carregador para o pequenino Renault Twizy também, além de tomadas para as bicicletas.

Acha que acabou? Senta que vem mais. Até mesmo a Localiza possui carro elétrico na sua frota para locação. No caso, o Renault Zoe.

 E o Brasil? Aqui a tão esperada redução do IPI para carros elétricos, que deve cair dos atuais 25% para cerca de 7%, era esperada para janeiro, depois fevereiro, depois março, depois….. Depois?!? Depois que ficarmos na lanterna deste mercado na América Latina, não adianta chorar. Independente da conclusão e publicação do programa Rota 2030, a redução do IPI para veículos elétricos deve ser feita JÁ! Ninguém em sã consciência vai investir no segmento de veículos elétricos, de montadoras a importadores independentes, passando por empresas com interesse em montar infraestrutura de recarga, se não houver a definição da nova tributação. Em 2015, o Brasil já perdeu para a Colômbia no futebol. Em 2018, estamos tomando uma goleada da Colômbia no que se refere à eletromobilidade.