Eletrizando a pauta do Auto Esporte

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Luz, câmera, ação: o “papagaio de pirata”, i3, apareceu na matéria. E com destaque.

Por ser um proprietário de veículo BMW que gosta de tecnologia, fui indicado pela montadora para participar de uma matéria do programa Auto Esporte, da rede Globo. Na verdade, foi a concessionária Autostar que me indicou para a BMW. Valeu, Flavio.

Voltando à matéria, a pauta era o CBS – Condition Based Service. E que raios é isso? É o sistema da BMW que monitora o uso do carro e alerta o usuário sobre as manutenções. Ele leva em consideração o estilo de condução e, por isso, veículos iguais, e com os mesmos tempo de uso e quilometragem, podem ter revisões feitas em prazos diferentes conforme a tocada de cada motorista. O legal é que você não precisa se preocupar quando tem que trocar o óleo, filtro e demais fluídos. O carro gerencia isso automaticamente, com direito a avisar a concessionária para ligar para você e agendar a revisão.

Meu convite para a matéria veio por meio de três ligações: da BMW, da concessionária e da assessoria de imprensa da montadora. Creio que o objetivo, além de confirmar minha participação, era garantir que eu não falaria nenhuma besteira. Como o foco da pauta não era carro elétrico/híbrido, e como o CBS do i3 é diferente dos demais veículos da marca que são movidos a combustível, a BMW iria me emprestar uma X1, pois já tive uma, para a gravação da matéria. Mas, sou engajado com a causa da mobilidade elétrica. E fiquei pensando em como “encaixar” o i3 na matéria, ciente de que a produção do programa poderia fazer  o que quiser na edição do conteúdo e que, se eu forçasse demais a barra para usarmos o i3, poderia ser “desconvidado” a participar.

Assim, resolvi levar um i3 de controle remoto que eu possuo pois, de alguma maneira, achei que ele poderia ser um atrativo a mais para a matéria. E foi (será). Não vou estragar a surpresa, mas, se a edição sair como a produtora e a pauteira do programa falaram, o brinquedinho terá uma bela razão de aparecer na matéria.

No final das contas, meu instinto publicitário estava correto. O brinquedinho de controle remoto acabou trazendo o foco para o brinquedão. E o carro usado para ilustrar a entrevista que fizeram comigo foi meu i3. Teve direito à cena dele sendo carregado, dele no trânsito, entre outras situações. Ao aparecer numa emissora com a audiência e alcance da Globo, isso ajuda a desmistificar um pouco o carro elétrico e, se causar alguma influência na audiência, será positiva para a mobilidade elétrica. Quem sabe, até, o Auto Esporte se anima a fazer uma matéria sobre os usuários de carro elétrico? Fiz minha parte e tentei sensibilizar a produção do programa.

Ainda não se sabe se a matéria irá ao ar no programa do dia 4 ou do dia 12 de dezembro. Mas será numa dessas datas. E, como se isso já não fosse sensacional, tive a oportunidade de conhecer o responsável pela manutenção da linha i para a BMW da América Latina. Abri um canal de comunicação importantíssimo para nós, proprietários, no caso de alguma eventual dificuldade na manutenção das nossas viaturas. Também tive a oportunidade de conhecer uma moça do marketing (de produtos) da montadora e o gerente da assessoria de imprensa da BMW. A ambos sugeri que a BMW realizasse um passeio para os proprietários da linha i (i3 e i8). Como os estados de SP e Rio concentram um grande número de proprietários, sugeri a região de Penedo / Itatiaia, pois é o meio do caminho para cariocas e paulistas. Torço para que essa idéia seja levada adiante, mesmo que o evento acabe sendo diferente do que sugeri. Mas espero que, de fato, a BMW faça algo para agregar os proprietários e chamar a atenção para sua linha i. Com certeza, uma viagem de centenas de quilômetros seria um fato relevante, que poderia ser aproveitado para reportagens inclusive, já que a autonomia continua sendo um dos pontos sensíveis de veículos elétricos no Brasil e no mundo.

Viagens longas com o i3. Sim, é possível (e mais fácil do que imaginava)

Esta semana está sendo muito interessante para quem tem ou gosta de carro elétrico. Começamos com um colega do nosso grupo de whatsAPP de usuários, proprietários e entusiastas do BMW i3, Roberto, que veio do Rio à São Paulo com seu i3. E já fez isso outras vezes. Fez três paradas para abastecer o tanquinho de 9 litros do REx (extensor de autonomia) e ainda chegou com bateria de sobra.

A dica quentíssima do Roberto é partir com a bateria totalmente carregada e, quando ela atingir 75% (carga máxima em que é possível ligar o REx) acionar o extensor de autonomia. Geralmente, a bateria acaba perdendo um pouco de carga mesmo com o REx ligado. Para recuperar a carga de 75%, quando a gasolina estiver acabando, siga o seguinte procedimento:

  1. Pare num posto de gasolina
  2. Não desligue o carro e não abra a porta do motorista
  3. Não coloque o câmbio em P (park)
  4. Abra a tampa do combustível por meio do botão que fica próximo à perna esquerda do motorista e mande o frentista completar

Com o carro ligado e rodando, o REx continuará acionado até carregar a bateria ao nível em que foi inicialmente acionado (75%, no caso).

Outro fato que merece destaque: neste final de semana acontecerá um encontro de alguns proprietários de i3 e outros veículos híbridos em Teresópolis. Promovido pelo Luiz, o encontro será num lugar paradisíaco na serra. E, se tudo der certo, desse encontro surgirá o embrião de uma associação ou cooperativa de compras. Ou algum outro tipo de organização que nos ajude a ter mais voz, poder de negociação e influência para pleitear incentivos junto ao governo. Um exemplo prático: o IPVA de carros híbridos e elétricos no estado do Rio é de 0,5%. Em São Paulo, é de 4% ou, se for emplacado na capital paulista, 3%. Isso representa alguns milhares de reais que se tornam mais um obstáculo à ampla adoção de veículos do gênero. Organizados, podemos tentar um diálogo com o governo paulista e pleitear a redução ou isenção do imposto.

Como o pessoal do Rio está muito atuante, outro membro carioca do grupo, o Cesar, também esteve em São Paulo. Mas não veio de i3. Tive o prazer de conhecê-lo e almoçamos juntos no shopping  Pátio Paulista. Aliás, esse shopping  tem duas vagas para recarga de veículos elétricos com um carregador com duas saídas. Porém, apenas uma delas está ativa.

Ah, sim: não são apenas os Cariocas que se aventuram em viagens longas. Nosso colega Leonardo está viajando de São Paulo à Teresópolis com seu i3. Enquanto escrevo estas linhas, ele já deve ter plugado seu carro numa tomada no hotel em que ficará hospedado em Penedo para, amanhã, seguir viagem ao destino final. Confesso que estou super empolgado para encarar uma viagem grande com o carrinho também, já que tivemos esses cobai…quero dizer, desbravadores mostrando que é possível.

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Após 349 quilômetros rodados, com apenas uma parada para abastecer, o i3 do Leonardo chegou a Penedo com uma autonomia restante de 91 km.

Fechando a semana, fui convidado para ser personagem numa matéria do programa Auto Esporte, da TV Globo. Mas isso é assunto para o próximo post. Falei que a semana foi interessante, não é mesmo?

Portugal 7 X 1 Brasil, i3 com mais de 100 mil Km e o Salão de SP

Isso é o que dá ficar muito tempo sem escrever um post. Os assuntos acumulam. Então, espere um post longo, caro leitor.  🙂

Há duas semanas, estive em Lisboa para a inauguração da filial portuguesa da Dinamize (empresa da qual sou diretor comercial). E fiquei impressionado com o quanto mais evoluídos os portugueses estão em relação à adoção de veículos elétricos. Há muitos pontos de recarga em Lisboa e mais incentivos do governo do que aqui no Brasil. Tanto é verdade, que a Tesla está para inaugurar sua primeira concessionária autorizada no país. É. Portugal dando de goleada no Brasil, infelizmente.

Participo de um grupo de proprietários e entusiastas do BMW i3 no Brasil. E contamos com a participação do ilustre João, português do Porto, que já rodou mais de 105 mil quilômetros com seu i3 BEV (puramente elétrico, sem o gerador de energia a gasolina). E sua bateria está com 98% da capacidade. Creio que está melhor do que a do meu carro, que ainda nem chegou aos 5 mil quilômetros. Como se isso já não fosse uma boa notícia, o João não gastou nem 1 euro de manutenção até o momento. Como em São Paulo a qualidade da nossa malha viária é abaixo de péssima, eu não espero ter a mesma sorte.

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Impressionante: 105 mil quilômetros e a bateria com capacidade praticamente inalterada.

Por meio do João, tive o privilégio de conhecer outro proprietário do i3, o Marcos, a quem encontrei no estádio da Luz, do Benfica. Aliás, dei sorte ao assistir ao jogo: o Benfica ganhou do Dynamo de Kiev. Tanto o Marcos, quanto o João, fazem parte da UVE, Associação dos Utilizadores de Veículos Elétricos. São muito atuantes e organizados. Inclusive, comprei duas camisetas e ganhei um “kit” de materiais com adesivos e folhetos de “advertência” para quem estaciona inadvertidamente em vagas de carros elétricos. O i3 do Marcos, que possui o REx (extensor de autonomia, a gasolina) já rodou mais de 56 mil quilômetros. E sua bateria também está impecável e, assim como o João, não teve problemas com manutenção.

De volta ao Brasil, sou agraciado pela BMW com um par de convites para o Salão do Automóvel de SP. E com direito à area VIP da montadora. No estande da marca há, entre vários outros modelos, um i3 igualzinho ao meu e um i8. Eu creio que devo ter ajudado a empresa a vender uns dois ou três i3, pois dei um testemunho entusiasmado sobre o carro para várias pessoas.

Consegui conversar com um diretor e um gerente da BMW e expus o grande temor de nós, proprietários brasileiros do i3: a continuidade das vendas do modelo no país. Todos sabemos que a revenda do i3 é algo bem difícil, por se tratar de um veículo diferente, de um segmento ainda embrionário por aqui. Mas, se a BMW parar de importar e vender o i3, a situação ficaria ainda pior, inclusive para eventuais manutenções do veículo devido à espera por peças. Para meu alívio, e de meus colegas que também possuem o veículo, não há nenhuma sinalização de que a BMW deixará de vender o i3 no Brasil. No entanto, segundo o que me disseram, devem reduzir a lista de itens de série nos novos modelos para reduzir seu preço. Um dos itens é o piloto automático adaptativo. Este recurso é sensacional, mas exige um povo educado no trânsito, o que não acontece no país. O Park Assist (que estaciona sozinho o veículo) é outro recurso que, eventualmente, poderá ser retirado do veículo. Se isso se refletir num preço significativamente menor, creio que vale a pena. Eu, por exemplo, continuaria muito disposto a adquirir o carro sem esses mimos.

Também tive a oportunidade de conversar com o responsável pelas vendas da concessionária Autostar, a quem transmiti a mesma preocupação. E, segundo ele, as concessionárias habilitadas a trabalhar com a linha i investiram muito para obterem a homologação e qualificação. Não seria uma boa decisão da montadora deixá-los na mão ao suspender a venda da linha i no país.

A propósito, se você está lendo meu blog e tem interesse no i3, aproveite: as últimas unidades 2014/2015, zero km, ainda estão com um preço ótimo. Eu aposto que os novos modelos do i3 custarão, pelo menos, uns R$ 20-30 mil a mais do que o preço atual, se a alíquota de imposto e cotação do dólar continuarem nos patamares atuais. Hoje, o valor o i3 brasileiro, convertido em dólar, está MAIS BARATO do que no mercado americano. Nos EUA, a versão com o REx começa em U$ 48 mil, veja aqui. E o modelo REx de entrada no Brasil, com a cotação do dólar de hoje a R$ 3,42, sai por por pouco menos de U$ 47 mil.

Após conversar com a BMW e a Autostar, e ter um certo alívio, continuei passeando pelo salão. Infelizmente, minha percepção é de que as montadoras em geral não estão mais com foco em veículos elétricos ou híbridos tipo plug in (que têm autonomia reduzida para rodarem apenas em modo elétrico, ideal para deslocamentos urbanos).  Algumas até expuseram seus carros elétricos ou híbridos plug in, como a Renault (com o Zoe), a Kia (com Soul EV), a Citröen (com o E-Méhari), a Chevrolet (com o Bolt) e a Hyundai (com o Ioniq). Entretanto, conversei com todas essas montadoras e nenhuma, sem exceção, tem planos concretos para trazerem seus modelos elétricos/híbridos para o Brasil. É uma grande decepção pra mim. Não tenho o i3 para ser diferente ou exceção. Comprei-o por uma questão de atitude e para ajudar a disseminar a cultura da mobilidade elétrica no Brasil. Mas, enquanto só a BMW levar a sério esse nicho no país, somos, os proprietários, como Don Quixotes na nossa jornada. Sonhadores, românticos, mas vivendo uma ilusão.

Por fim, estamos iniciando uma discussão sobre a criação de uma associação de usuários de carros elétricos. Provavelmente, algo nos moldes da UVE portuguesa. Se você, leitor, tiver interesse em participar desse movimento, entre em contato comigo.