Eletrizando na TV Record e em terras lusas

 

Eletrizando na Record
Eletrizando na TV Record.

No dia 29 de maio, tive a oportunidade de participar de uma matéria sobre veículos elétricos no programa Domingo Espetacular da rede Record. Assista aqui.

Achei a matéria surpreendentemente boa para um programa de TV aberta, voltado a uma audiência ampla e popular. Explicou bem a diferença entre carros elétricos e híbridos, mostrou bicicleta elétrica e ainda fez uma comparação com a realidade dos VEs no Japão.

E tão surpreendente quanto a matéria, foi o número de pessoas que vieram me cumprimentar após assistirem. Cada vez mais, tenho convicção de que se houver carros elétricos com preços acessíveis ou uma prestação que caiba no bolso, a mobilidade elétrica irá decolar no Brasil.

Já em junho, tive a oportunidade de ir à Lisboa a trabalho. E, lá, me encontrei com o presidente da UVE – Associação Utilizadores de Veículos Eléctricos de Portugal, sr. Henrique Sánchez.

img_5821.jpg
Eu e Henrique: ABRAVEi e UVE trocando experiências e camisetas.

Tivemos uma ótima conversa, que nos incentivou muito em nossa caminhada na ABRAVEi, pois a UVE já desbravou o caminho que começamos a trilhar agora. Além disso, abrimos um canal de comunicação entre as duas entidades, afinal tanto a UVE, como a ABRAVEi, vestem a camisa da mobilidade elétrica sustentável. Literalmente. E vou te contar: Portugal está anos-luz à frente do Brasil em termos de adoção de veículos elétricos, políticas públicas de incentivo e infraestrutura de recarga. Achei vários “pinguins” na rua iguais ao meu i3. Além disso, o hotel em que eu fiquei tinha vaga para carro elétrico com carregador.

IMG_5841
Veículos elétricos fazem parte da paisagem urbana de Lisboa e de Portugal.
Hotel 1
Duas vagas para carro elétrico no hotel. E com estação de recarga.
Hotel 2
Que inveja de Portugal.

Para encerrar esse período muito proveitoso, diversos colegas da associação que estavam com seus veículos parados nas oficinas das concessionárias por falta de peça puderam, enfim, recebê-los. As peças chegaram!!! Com isso, provavelmente, a frota circulante de carros elétricos no Brasil aumento em uns 10%.  🙂

 

ABRAVEi consolida sua atuação em prol da mobilidade elétrica

Ou, as Amarras Nacionais Fortes, Anacrônicas e VErgonhosas que Ameaçam o mercado de veículos elétricos no país

WhatsApp Image 2017-06-01 at 09.59.05

Atendendo a um pedido da ABVE, mudamos a sigla e domínio da ABVEi para ABRAVEi. Na minha opinião, ficou até mais sonoro, além de ostentar um orgulhoso e inequívoco “BRA”.

Aliás, “ostentar” é um bom gancho para começarmos este post. Carro elétrico, no Brasil, é ostentação. Todos os veículos disponíveis atualmente para aquisição de pessoas físicas, ou que estavam disponíveis há pouco tempo e que podem circular sem restrições por ruas e estradas, são de marcas premium e/ou caríssimos em comparação aos carros convencionais.

Para entender melhor a conjuntura que leva a este fenômeno da “elitização” dos VEs de quatro rodas, pois há bicicletas e scooters elétricas com preços bem atraentes no mercado, nós, da ABRAVEi, estamos aprendendo o papel de cada ator envolvido na cadeia produtiva e regulatória do setor.

Neste sentido, estivemos presentes no Seminário Internacional Sobre Recarga de Veículos Elétricos promovido pela ANEEL, a Agência Nacional de Energia Elétrica. Um evento muito bem organizado, riquíssimo em contaúdo e networking, confortável, mas sem excessos, respeitoso com o dinheiro público que, em última instância, o financiou. A ABRAVEi esteve presente nas figuras dos nossos conselheiros Marcelo e Rogério, além de mim. Vimos experiências estrangeiras, estudos sobre o mercado e perspectivas do que vem por aí em termos de regulamentação do setor. Destaco os seguintes itens:

  • O Brasil tem cerca de 80 milhões de veículos. Se 5% do total, 4 milhões, fossem elétricos, o consumo em relação à geração de energia elétrica atual do país seria mínimo: 1,62%;
  • Cada carro elétrico rodando 30 km por dia equivale ao sequestro de carbono anual de 19 árvores. Só que cada árvore precisa de 6 m2 de área e leva anos para crescer ao ponto de contribuir significativamente para absorção de CO2. Cada ônibus elétrico rodando 200 km por dia representa a ação anual de 1.492 árvores. E, muito pior que o CO2, é o monóxido de carbono (CO) e outros poluentes que veículos à combustão lançam na atmosfera e que são altamente prejudiciais à saúde;
  • Carros elétricos representam, em média, uma economia financeira de 65% em relação ao gasto com combustível de um carro convencional;
  • Sobre regulamentação, apenas as distribuidoras de energia podem cobrar por recargas de veículos elétricos em que há tarifação sobre a energia consumida e lucro sobre o serviço. E qualquer investimento que elas façam em infraestrutura de estações de recarga não pode ser refletido na conta de luz da população. Isso se chama subsídio cruzado e está rigorosamente contra a determinação da ANEEL.
    • Meus comentários sobre esse item: a maior carência que temos no país, atualmente, é a de estações de recarga rápida que permitam deslocamentos intermunicipais e interestaduais. Os equipamentos são caros e a conta não fecha para que a distribuidora recupere o investimento feito nessas estações apenas com a cobrança da recarga, pois a frota de VEs nacional é ínfima. Mas, a CPFL apresentou uma “proposta híbrida” em que a ANEEL poderia determinar o ritmo da instalação das estações, evitando distorções ou abusos na implantação da infraestrutura de recarga. O reflexo na conta de luz seria de apenas 0,2%. Apesar de concordar com o conceito de não se ter subsídio cruzado, me parece que 0,2% a mais na conta de luz da população é plenamente justificável considerando que ajudaria a reduzir a emissão de poluentes, bem como tornar o veículo elétrico mais atrativo, o que, em última análise, beneficiaria toda a população atendida pela distribuidora.
  • Vislumbro caminhos que, a princípio, tornariam viável a implantação de estações de recarga rápida e que estão totalmente em conformidade com as orientações da ANEEL e regras do mercado de energia. Devemos ter reuniões com fabricantes de equipamentos de recarga ainda este mês para discutirmos esses caminhos.
WhatsApp Image 2017-05-31 at 13.24.50
Em primeiro plano, o Alexandre, da BYD, que me pegou fazendo “biquinho”. Também à mesa, representantes da ANEEL e das empresas NETEC, Graal e CPFL além, claro, da ABRAVEi.

Independente da formatação final da regulamentação sobre recarga de veículos elétricos no país, não considero que a ampliação de infraestrutura de recarga seja o ponto onde vamos colocar a alavanca de Arquimedes para mover o mundo da mobilidade elétrica no Brasil, tirando-o da inércia. Afinal, a tomada de casa ou do trabalho é responsável por mais de 90% das recargas de um veículo elétrico. Então, é preciso gerar demanda. O resto vem a reboque. E, para gerar demanda, é imprescindível trazer opções mais em conta de carros elétricos para o país. E isso passa pelo legislativo.

No final deste ano, encerra-se o programa Inovar Auto, que concede benefícios às montadoras que investiram em fábricas no Brasil e atribui alíquotas de IPI conforme a cilindrada e combustível dos motores. Entretanto, as alíquotas de IPI não previam os veículos elétricos e, atualmente, eles são taxados pela alíquota mais alta, de 25%, que é a mesma destinada a veículos com motores a gasolina partir de 2 mil cilindradas:

Captura de Tela 2017-06-05 às 08.04.09

O novo programa de regime do setor automotivo, chamado de Rota 2030, prevê taxação de IPI de acordo com a eficiência energética do veículo, como esclarece esta matéria. A idéia é sensacional, certo? Faz todo o sentido implementá-la, considerando que o mundo busca a redução da emissão de gases de efeito estufa e esse regime faria com que veículos elétricos tivessem a menor carga de IPI, tornando-os mais acessíveis à população, certo? De acordo com a ANFAVEA, não: Veja aqui.

A ANFAVEA, cujo lobby é poderosíssimo junto ao governo, se borra de medo de que os veículos elétricos decolem no Brasil. Isso porque ela defende os interesses das montadoras que possuem fábricas instaladas no país e que querem rentabilizá-las ao máximo, obter o máximo de retorno sobre o capital que investiram em suas instalações. A ENORME IRONIA é que essas mesmas montadoras estão investindo pesado em veículos elétricos nos mercados norte-americano, europeu e chinês, pois há imposições dos governos locais sobre restrição de emissões de veículos, ou imposição de uma determinada cota de veículos elétricos produzidos, que todas devem seguir. E, nos locais onde ainda não haverá essas imposições futuras, já existe um mindset favorável aos veículos elétricos em contraposição aos veículos à combustão. Não nos iludemos, entretanto: os incentivos para veículos elétricos – financeiros ou não – ainda são imprescindíveis em todos os mercados mundiais até que eles atinjam um maior nível de maturidade e andem com suas próprias pernas.

Quem tem mais de 30 anos, lembra o quanto o Brasil era defasado em termos de tecnologia automotiva: nossos automóveis estavam, pelo menos, duas décadas atrás do que existia nos mercados americano e europeu. Isso mudou com a abertura de mercado. ALELUIA!! Mas, se a ANFAVEA conseguir sobretaxar os elétricos no Brasil, viveremos situação parecida: o mundo desenvolvido caminhando para a eletrificação da frota e nós, em Pindorama, poluindo cada vez mais e enaltecendo os motores à combustão que, certamente, ganharão um “verniz” de eficiência energética em campanhas publicitárias maquiavélicas que enaltecerão as qualidades de motores pequenos, altamente econômicos e eficientes em comparação aos motores de gerações anteriores. Por mais verdade que esses motores novos sejam muito eficientes, como os de 3 cilindros que estão sendo utilizados e desenvolvidos por várias montadoras no Brasil, eles continuarão queimando combustível, oras. É algo como enaltecer a qualidade da lâmina do carrasco, muito mais bem forjada, mais bem afiada, com uso de materiais nobres e com um design muito mais inovador em relação às lâminas anteriores. Mas, ao final, ela vai continuar decepando sua cabeça. Ou, no caso do nosso exemplo, fazendo você respirar CO, CO2 e contribuindo para o efeito estufa que assola o planeta.

Destacando as coisas boas

IMG_5773
Rogério e eu no complexo Brasil 21: 4 vagas para VEs com três carregadores semi-rápidos.

Nem tudo é rançoso no meu post. Tive a oportunidade de visitar o complexo Brasil 21 em Brasília. Um condomínio comercial com várias lojas, moderno, e que conta com quatro vagas para veículos elétricos, sendo duas no subsolo e duas no térreo, e três carregadores. A Itaipu tem uma sede no local. Antes, Furnas estava no local. Nosso colega Rogério teve papel relevante na implantação do que considero a melhor infraestrutura de recarga disponível na capital federal, orientando sobre os padrões de recarga, pedindo tomadas extras nas vagas, entre outras contribuições. E o Rogério não parou por aí: também atuou para que o hotel Mercure Brasília contasse com uma vaga com recarga para VEs, além de outras iniciativas sobre as quais falaremos futuramente, assim que vingarem.  😉

Destaco, ainda, o relevante apoio que temos recebido da Volvo. Apoio que não envolve um tostão, para deixar claro: a montadora esteve presente em nosso encontro no posto Graal em Jundiaí no dia 29 de abril, emprestou um Volvo XC90 híbrido plug-in para participar do comboio que foi à Teresópolis e emprestou novamente o XC90 para irmos ao Seminário da ANEEL. Aliás, esse era o único veículo com possibilidade de locomoção 100% elétrica e recarregável em tomada que esteva presente ao evento. A Volvo está investindo em sua marca ao nos apoiar? Claro. E que continue assim.  🙂 Também é importante destacar os apoios que recebemos da BYD, Porto Seguro, Carbon Zero, Cooltra, Rede Graal, CPFL, Neosolar e Golden Zone.

Veículos Elétricos: Uma Demanda Latente

DSC_5116.JPG
O novo e o velho: ambos revolucionários em suas épocas.

No último sábado, 20, tive a oportunidade de participar do 14º Encontro de Veículos Antigos de Boituva. Eu e o Leonardo, amigo e membro da ABVEi, estivemos lá expondo nossos carros elétricos.

Perdi a conta de quantas pessoas pararam para nos perguntar sobre os veículos. Foram dezenas, talvez mais de uma centena. E, em comum, todas se surpreenderam com a economia que um VE traz em relação aos carros a combustão, bem como o fato de que cada usuário tem seu próprio “posto de combustível” na tomada de sua casa ou escritório. Aliás, todos com quem conversamos se mostraram admirados pelo fato de termos carregado nossos carros durante o evento.

Esta é a segunda ou terceira vez que o Leonardo participa de um evento automobilístico expondo seu i3. Foi a minha primeira. E nosso objetivo é, justamente, desmistificar a tecnologia para ir criando, pouco a pouco, uma consciência na sociedade sobre veículos elétricos e as vantagens que eles possuem.

Ficou muito claro, também, que existe uma demanda latente de veículos elétricos. Creio que vivemos uma situação semelhante à do surgimento do primeiro iPhone. Antes de conhecerem a tecnologia disruptiva que a Apple trouxe com a inédita interface touch screen do seu smartphone, seria impossível para os consumidores manifestarem o desejo de terem um produto como o iPhone.

E o mesmo acontece com veículos elétricos: sem conhecimento sobre o assunto, o consumidor não tem a real dimensão do que é ter um carro ou outros veículos elétricos. E alguns mitos que surgiram nas conversas com o público do evento caem por terra quando conversamos. Vejamos:

Mito 1, autonomia: mais de 90% do uso de um carro elétrico é em deslocamento urbano. E a autonomia dos veículos disponíveis, tanto no mercado nacional, quanto internacional, atende essa demanda;

Mito 2, falta de infraestrutura de recarga: tem a ver com o item acima. E precisamos identificar que há dois tipos de estações de recarga: a rápida e a semi-rápida. O segundo tipo abrange os carregadores que existem em shopping centers, posto de gasolina e redes de supermercado em várias capitais e regiões metropolitanas do Brasil. São muito úteis mas, eventualmente, carregar o VE em uma tomada em casa ou no trabalho cumpre a mesma função. Já o caso da estação de recarga rápida, essa sim, é imprescindível para que deslocamentos que ultrapassem a autonomia das baterias dos veículos sejam feitos em modo 100% elétrico. Esses eletropostos de carga rápida, como são chamados, são raríssimos no Brasil, principalmente se considerarmos os que apresentam mais do que um padrão de plug para recarga. Creio que não existam nem cinco. E eles estão em estradas ou próximo a elas, como esperado.

Mito 3, preço: ao comentar sobre a diferença de custo entre as recargas de um veículo elétrico e o abastecimento com combustível, bem como a expectativa de menor manutenção pelo fato de haver muito menos peças móveis num VE, muitas pessoas se mostraram dispostas a ter um carro elétrico, mesmo que custasse um pouco mais do que um carro normal. Principalmente, se o valor da prestação de um financiamento for acessível, levando-se em conta a economia que o usuário teria em relação ao gasto com combustível. Mesmo os preços dos BMW i3, que são “salgados” para a maioria da população por se tratarem de veículos de uma marca premium, não chegaram a assustar.

Mito 4, sustentabilidade: não é o fator que faria os veículos elétricos saírem do “topo da pirâmide” dos early adopters para atingirem outras camadas de consumidores. Mas, se o preço de um carro, moto ou outro veículo elétrico for razoável em comparação ao de um similar à combustão, o fato de não poluir é um estímulo a mais para a compra. Principalmente, com a perspectiva do consumidor gerar sua própria energia por meio de usinas solares fotovoltáicas em sua residência. O Leonardo, por exemplo, já gera mais do que consome para recarregar seu veículo.

Minha conclusão é a de que existe demanda para um carro elétrico com preço de até R$ 100 mil, que possa rodar pelo menos uns 160 Km e atinja uma velocidade semelhante a de um carro normal (pelo menos 120 Km/h para se rodar em estradas com este limite de velocidade). Mas, além de um carro acessível, outros dois fatores ajudariam muito a alavancar as vendas mesmo de veículos mais caros: linhas de crédito de mais longo prazo, com o objetivo de reduzir o valor da prestação, fazendo com que a economia obtida em relação à conta de combustível torne o financiamento ainda mais viável para o bolso do consumidor; e a disseminação de informações sobre os veículos elétricos, criando uma opinião favorável da população em geral.

Evidentemente que, se houver incentivos fiscais para importação e/ou aquisição de veículos elétricos, como acontece em países desenvolvidos, tudo fica mais fácil. Porém, mesmo sem esses incentivos, é possível alavancar as vendas de VEs no Brasil dentro das regras atuais. A ABVEi já começou a atuar em todas as frentes que exercem influência sobre o mercado (governo, iniciativa privada e sociedade). E é por isso que acredito, realmente, nas frases de efeito que usamos nos banners da nossa associação. Em especial, a que diz “carro elétrico: em breve numa tomada perto de você”.

E nasceu a ABVEi!

ABVEI-5257
Grupo reunido no eletroposto Graal: além de associados e simpatizantes, contamos com o apoio e presença da BYD, Carbon Zero, Cooltra, CPFL, Graal, Neo Solar, Porto Seguro e Volvo.

No último final de semana, nasceu a ABVEi – Associação Brasileira de Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores.

(NOTA: mudamos a sigla para ABRAVEi, bem como o domínio para http://www.abravei.org. Isso aconteceu ainda no mês de maio a pedido da ABVE)

A palavra “proprietários” faz toda a diferença aqui. Trata-se da primeira associação com esta característica. E aceita entre seus membros tanto pessoas físicas, como jurídicas. Porém, os veículos precisam ser elétricos e/ou híbridos do tipo plug ig. Esses últimos, além de terem capacidade para rodar em modo exclusivamente elétrico, também podem ser recarregados externamente, em tomadas ou eletropostos.

Assim, uma demanda crucial para quem possui esses veículos, que é o aumento de infraestrutura de pontos de recarga, é irrelevante para os proprietários de veículos híbridos convencionais.

A fundação da ABVEi teve dois momentos marcantes: o maior encontro de veículos elétricos da América Latina, no posto Graal do km 67 da Anhanguera, que conta com um eletroposto de recarga rápida mantido em parceria com o projeto Emotive, de mobilidade elétrica da CPFL; e um encontro e carreata em Teresópolis, sede de nossa associação. Nosso anfitrião em Teresópolis, Luiz Xavier, cedeu seu maravilho Golden Zone (espaço para terapias e tratamentos que visam saúde, sustentabilidade e longevidade) para ser nossa sede e nos recebeu com todo o carinho.

Em Teresópolis, além da confraternização do grupo, contamos com uma esclarecedora apresentação da Solar Energy, fornecedora de soluções para energia solar fotovoltáica, e uma super orquestrada apresentação da Minerva e-Racing, equipe da URFJ que compete na Fórmula SAE de veículos elétricos.

Tive a honra de ser eleito vice-presidente da entidade. E, não por acaso, a data oficial de sua fundação é 1º de maio: teremos muito, mas muito trabalho pela frente para ajudar a desenvolver a mobilidade sustentável, por meio de veículos elétricos, no Brasil. Nossa causa é nobre, e em sinergia com fontes de energias alternativas e sustentáveis. E isso nos move. A perspectiva de deixarmos um mundo melhor para nossos filhos e netos é nossa energia. E queremos popularizar os veículos elétricos. Não somos um bando de esnobes metidos a besta dando rolezinhos em seus carrinhos diferentes. Ouvi de outros colegas que se houvesse opção mais barata de veículos elétricos no país, como um Gol ou Uno (sem desmerecer esses carros), os teriam comprado. E eu penso o mesmo. Por ironia do destino, as marcas que resolveram se aventurar com elétricos ou híbridos plug-in no Brasil são, em sua maioria, premium. Mas isso vai mudar. E a mudança começou este mês.

As fotos abaixo são do Silvio Tanaka, associado ABVEi e um excelente fotógrafo. Retratam momentos do encontro no eletroposto Graal. Para ver melhor, basta clicar em qualquer uma delas:

Já as fotos abaixo são de autoria da Loma Medeiros e foram tiradas em Teresópolis:

Um Novo Tempo Começa (Ou: Nunca Uma Revolução Foi Tão Silenciosa)

Com 44 anos de idade, pude vivenciar algumas revoluções. Umas discretas, como a ampla disponibilização de… pasme, linhas telefônicas para a população em geral após a privatização do setor; outras muito ruidosas, como o arrebatamento mundial da Internet. Mas, em todas, fui apenas um dos grãos de areia levados pelo turbilhão das ondas.

Agora, passei a fazer parte de algo ainda muito pequeno. Mas que será grande e, certamente, inevitável: a mobilidade elétrica e sustentável.

O que começou nas redes sociais como um grupo informal de proprietários e simpatizantes de veículos elétricos está se transformando na primeira associação do tipo no país. De fato, já existe uma associação brasileira de veículos elétricos e que vem desenvolvendo um belo trabalho como, por exemplo a promoção do Salão Latino-Americano de Veículos Elétricos, que vai para sua décima terceira edição. Mas o foco da nossa associação é, justamente, a pessoa física, os proprietários, que possuem necessidades e demandas bastante particulares devido ao fato de serem, justamente, os early adopters de um tipo de tecnologia ainda embrionária no país. Com certeza, há e haverá muita sinergia e agenda comum entre todas as empresas e entidades que visem o desenvolvimento do mercado de veículos elétricos. Estaremos lá e juntos. Mas isso é assunto pra um post futuro.

Nota O Globo
Daqui a 10 ou 20 anos, esta nota do jornal O Globo publicada ontem (19/4) estará numa moldura, em lugar de destaque em minha casa.

Agora, o momento é de celebrar o encontro de tantos “malucos” que são mais do que early adopters de um produto novo. São apaixonados por uma causa e dirigem seus carros elétricos como Dom Quixotes montados sobre seus Rocinantes para vencer os moinhos de vento do status quo, desconhecimento, custo elevado e falta de infraestrutura de recarga que são os maiores entraves ao desenvolvimento da mobilidade elétrica no país.

Porém, ao contrário do personagem de Cervantes, cada membro da associação tem uma grande capacidade de mobilização e articulação política e/ou social que somadas, são capazes de, realmente, causar uma transformação em nossa sociedade.

O que falei acima não é exagero. Nossa associação ainda nem existe e já é capaz de promover o maior encontro de veículos elétricos e híbridos plug-in do país e, provavelmente, da América Latina. Explico melhor: a associação será fundada no dia 1º de maio, em Teresópolis, cidade em que estará a nossa sede. Para este destino, partirá de São Paulo um comboio com seus carros elétricos e híbridos do tipo plug in para se encontrarem com os colegas cariocas e, então, procederem com o rito formal de fundação da entidade.

Porém, o comboio paulista fará um pit stop no posto Graal do km 67 da Rodovia Anhanguera, que possui um eletroposto de recarga rápida mantido pela CPFL por meio do seu projeto de mobilidade elétrica Emotive. A idéia inicial era fazer uma breve confraternização entre os membros do grupo e o pessoal do projeto Emotive. Mas, já que estaríamos todos reunidos, decidimos ir além. Em pouco mais de uma semana, preparamos camisetas, banners e conseguimos o apoio e participação de empresas como a BYD, Volvo, Porto Seguro e a própria CPFL, que estarão presentes no posto com veículos elétricos de suas frotas, além de empresas como a Neosolar e Bluesol, que trabalham no setor de energia solar fotovoltáica, tão intrinsicamente ligado à questão da mobilidade elétrica. A Neosolar estará no Graal e a Bluesol irá a Teresópolis ministrar uma bela palestra para todos os associados. Cá entre nós, tenho convicção de que mais montadoras de veículos devem confirmar a presença no posto Graal, mas não sou de contar com o ovo ainda dentro da galinha.

O mais legal de tudo isso é o privilégio de ter um papel atuante na revolução que está (estamos) começando. Todos estão contribuindo, de maneira voluntária e entusiasmada. Tenho certeza de que, daqui a 10 ou 20 anos, olharemos para trás com orgulho de termos sido os pioneiros que ajudaram a consolidar a mobilidade elétrica e sustentável em nosso país. E ainda terei uma bela história para contar para meus netos.

PS: para quem não sabe, veículos híbridos do tipo plug-in têm capacidade para se locomover em modo exclusivamente elétrico, além de poderem ter suas baterias recarregadas externamente, semelhante aos veículos puramente elétricos.

Muitas novidades e um jejum imperdoável

Faz tempo que não escrevo. Imperdoável. Neste ínterim, muita coisa aconteceu e vou resumir aqui, compensando meu silêncio.

Mas, primeiro, um alerta. O post que fiz antes desse, também hoje, traz uma importante retificação sobre a devolução de parte do IPVA pago em São Paulo. Vale a leitura aqui.

Mas, agora, vamos às novidades.

Pandemia de insanidade

Primeiro, nosso grupo de proprietários de BMW i3 (e um que possui um Outlander PHEV) está muito ativo. E aumentando. No mês passado, um colega nosso, o Silvio, comprou um dos raros BEVs (BMW i3 puramente elétrico) que a BMW trouxe ao Brasil. Outra colega, a Michele, também comprou um i3 REx. É…os malucos se proliferam.

img_5437
Eu, Leonardo e Edgar. Se passar uma ambulância, leva todo mundo para o hospício.
img_5438
Nossos bólidos.

Finalmente, o ponto de recarga no Shopping Boa Vista

Pois é. Depois que consegui falar pessoalmente com as meninas do marketing do Shopping Boa Vista, a Tayná e a Márcia, a coisa andou. Com a iminência do Natal, a inauguração do ponto de recarga no shopping foi no final de janeiro. Logo que testei, levei um susto. Em poucos minutos após iniciar a recarga, o Wallbox desligou. Na verdade, o disjuntor estava subdimensionado, o que foi resolvido em dois dias pelo pessoal do shopping. Muito obrigado, meninas!

Ah, sim: o ponto está cadastrado no APP Plugshare e fica no estacionamento do primeiro subsolo, bem ao lado lavagem ecológica.

img_5345
Tayná, Márcia e eu no mais novo ponto de recarga de São Paulo.
IMG_5278
Wallbox Pure instalado no Shopping Boa Vista. Troquei meu PRO por este com um amigo, pois é mais simples de operar.
img_5435
O i3 da Michele e o meu. Nós dois moramos bem pertinho do shopping.

Ah, esses pneuzinhos….

Sexta-feira de manhã, e estava eu indo para uma reunião de trabalho quando, de repente, começa um barulho estranho ao rodar. “Poutz: pneu furou”, pensei. Mas ainda tive que rodar uns 100 metros até achar um local para estacionar o carro. No caso, um posto de gasolina.

Foi sem aviso. Simplesmente, esvaziou-se por completo. E o motivo foi um rasgo na lateral. Esses pneus do i3, em especial os de aro 20 e perfil mais baixo que equipam as versões Full do veículo, são ótimos….para ruas europeias e americanas. Mas, a qualidade do calçamento da capital paulista é abaixo de péssima.

Por sorte, o pneu pôde ser consertado, por meio de vulcanização. Por mais sorte ainda, havia uma borracharia a 20 metros de onde estacionei. E que fez o serviço no mesmo dia, pois tinha uma viagem para a Atibaia no final de semana.

A única parte boa do infortúnio foi ter conhecido a Michele. Foi engraçado, na verdade. Estou lá eu, negociando com o borracheiro o tamanho da facada, pois chegou a dar uma leve entortada do “ombro” da roda que também foi consertada, e uma moça nos olhando.

Como a conversa não terminava (borracheiro duro na queda pra negociar), a moça interrompeu, pedindo licença. Achei que ela queria falar com o borracheiro. Mas queria falar comigo. Disse que viu meu carro parado, que gostava do modelo e queria pedir informações.

Resumo da ópera, a moça se chamava Michele, entrou no nosso grupo de WhatsAPP e, em uma semana, comprou um BMW i3. Tudo por nossa “culpa” ao desmistificar o carrinho. A Michele acabou com nosso Clube do Bolinha. 🙂  Bem-vinda, Michele!!

Sobre os pneus, entrei em contato com a Bridgestone para pedir que tragam alguns jogos para o Brasil, pois eles só são encontrados nas concessionárias BMW e a preços beeeeem salgados.

img_5334
Pneu totalmente murcho.
img_5335
Por sorte, o corte na lateral pôde ser consertado por meio de vulcanização.

Ponto de recarga em poste de iluminação

Meu amigo Wallace avisou: passou pela rua Bela Vista, próximo ao consulado americano, e viu um táxi da marca BYD carregando na rua, num carregador instalado no posto de iluminação. Pela foto, um carregador tipo 2, compatível com nossos i3 brasileiros, que são da versão europeia.

Passados alguns dias, tive a oportunidade de ir lá conferir no último sábado. E, estava lá, instalado em um poste, sem nenhuma identificação mais visível, nenhuma placa, nada.

Resolvi testar. E funcionou perfeitamente. E de graça. Detalhe: o wallbox entrega até 7kW. Esse carregador na rua, também da marca BYD, entrega 40kW. A diferença do diâmetro do cabo entre os dois carregadores é gritante. O da BYD parece uma mangueira de bomba de posto de combustível.

Uns 5 minutos após começar a carregar, chegam duas viaturas da polícia. Levei um susto, pensando que seria repreendido por usar o equipamento. Mas, caramba, não tem nada dizendo que é proibido ou que pertence a alguma empresa. Para meu alívio, foi apenas curiosidade. As viaturas foram atender uma ocorrência próxima ao local, me viram, e alguns policiais ficaram curiosos.

Eu só torço muito para que o equipamento não seja alvo de vandalismo, pois está totalmente vulnerável. E o que não faltam na cidade, e no país, são FDP que vandalizam e depredam tudo o que vêem pela frente.

img_5427
Carregador de 40kW (quase 6x mais potente que o wallbox) no poste de iluminação da rua.
img_5430
Carregando na rua. 🙂
img_5429
Carga completa. E rapidinho.
img_5432
Com direito a escolta policial.

Devolução da quota-parte do IPVA: esclarecimentos

Para quem lê meu blog, um pedido de desculpas. O post que fiz no ano passado sobre a devolução do IPVA por parte da prefeitura estava incorreto.

Vamos aos esclarecimentos:

  1. Em agosto de 2016, o então prefeito Fernando Haddad assinou o decreto 57.209. Esse decreto determina que a prefeitura de São Paulo devolverá 40% do valor do IPVA para proprietários de veículos elétricos, híbridos e movidos a hidrogênio emplacados na capital paulista.
  2. O IPVA é um imposto que, no estado de São Paulo, normalmente é de 4% para veículos de passeio. Mas, para veículos elétricos e híbridos, o percentual de imposto é de 3%. E isso não tem nada a ver com o decreto da prefeitura. É uma determinação do estado.
  3. Do valor total do imposto, metade fica com o estado e metade com a prefeitura de São Paulo, no caso de carros emplacados na capital paulista, obviamente. Só que a prefeitura não vai devolver o que chama de “quota-parte” integralmente. Ou seja, seus 50% do total do IPVA. Vai devolver o equivalente a 40% do total do imposto. Pegadinha do malandro, hein?!? Assim, por exemplo, se o total do IPVA pago foi de R$ 1 mil, a prefeitura deve lhe devolver R$ 400, e não R$ 500.

Agora, vem a parte triste: em fevereiro, entrei com o processo para receber a quota-parte a que tenho direito. O processo foi para a Secretaria do Verde e Meio-Ambiente. E, hoje, um mês depois, está totalmente parado. Liguei para a secretaria e fui informado de que ninguém, repito, ninguém recebeu a tal devolução. Isso vale para os proprietários de Fod Fusion Hybrid, Toyota Prius e Mitsubishi Outlander PHEV que, com certeza, são muito mais numerosos do que os desbravadores proprietários do BMW i3.

Segundo o que informaram, a “Secretaria de Finanças” do Município, cujo nome oficial é Secretaria da Fazenda, é quem deve repassar o dinheiro para a Secretaria do Verde e Meio-ambiente e essa, por sua vez, fará o repasse a quem tem direito. Mas não há nenhuma previsão disso acontecer. Uma vergonha e palhaçada que só prejudica o desenvolvimento da mobilidade elétrica numa cidade tão carente disso como São Paulo.

 

Eletrizando a pauta do Auto Esporte

img_5075
Luz, câmera, ação: o “papagaio de pirata”, i3, apareceu na matéria. E com destaque.

Por ser um proprietário de veículo BMW que gosta de tecnologia, fui indicado pela montadora para participar de uma matéria do programa Auto Esporte, da rede Globo. Na verdade, foi a concessionária Autostar que me indicou para a BMW. Valeu, Flavio.

Voltando à matéria, a pauta era o CBS – Condition Based Service. E que raios é isso? É o sistema da BMW que monitora o uso do carro e alerta o usuário sobre as manutenções. Ele leva em consideração o estilo de condução e, por isso, veículos iguais, e com os mesmos tempo de uso e quilometragem, podem ter revisões feitas em prazos diferentes conforme a tocada de cada motorista. O legal é que você não precisa se preocupar quando tem que trocar o óleo, filtro e demais fluídos. O carro gerencia isso automaticamente, com direito a avisar a concessionária para ligar para você e agendar a revisão.

Meu convite para a matéria veio por meio de três ligações: da BMW, da concessionária e da assessoria de imprensa da montadora. Creio que o objetivo, além de confirmar minha participação, era garantir que eu não falaria nenhuma besteira. Como o foco da pauta não era carro elétrico/híbrido, e como o CBS do i3 é diferente dos demais veículos da marca que são movidos a combustível, a BMW iria me emprestar uma X1, pois já tive uma, para a gravação da matéria. Mas, sou engajado com a causa da mobilidade elétrica. E fiquei pensando em como “encaixar” o i3 na matéria, ciente de que a produção do programa poderia fazer  o que quiser na edição do conteúdo e que, se eu forçasse demais a barra para usarmos o i3, poderia ser “desconvidado” a participar.

Assim, resolvi levar um i3 de controle remoto que eu possuo pois, de alguma maneira, achei que ele poderia ser um atrativo a mais para a matéria. E foi (será). Não vou estragar a surpresa, mas, se a edição sair como a produtora e a pauteira do programa falaram, o brinquedinho terá uma bela razão de aparecer na matéria.

No final das contas, meu instinto publicitário estava correto. O brinquedinho de controle remoto acabou trazendo o foco para o brinquedão. E o carro usado para ilustrar a entrevista que fizeram comigo foi meu i3. Teve direito à cena dele sendo carregado, dele no trânsito, entre outras situações. Ao aparecer numa emissora com a audiência e alcance da Globo, isso ajuda a desmistificar um pouco o carro elétrico e, se causar alguma influência na audiência, será positiva para a mobilidade elétrica. Quem sabe, até, o Auto Esporte se anima a fazer uma matéria sobre os usuários de carro elétrico? Fiz minha parte e tentei sensibilizar a produção do programa.

Ainda não se sabe se a matéria irá ao ar no programa do dia 4 ou do dia 12 de dezembro. Mas será numa dessas datas. E, como se isso já não fosse sensacional, tive a oportunidade de conhecer o responsável pela manutenção da linha i para a BMW da América Latina. Abri um canal de comunicação importantíssimo para nós, proprietários, no caso de alguma eventual dificuldade na manutenção das nossas viaturas. Também tive a oportunidade de conhecer uma moça do marketing (de produtos) da montadora e o gerente da assessoria de imprensa da BMW. A ambos sugeri que a BMW realizasse um passeio para os proprietários da linha i (i3 e i8). Como os estados de SP e Rio concentram um grande número de proprietários, sugeri a região de Penedo / Itatiaia, pois é o meio do caminho para cariocas e paulistas. Torço para que essa idéia seja levada adiante, mesmo que o evento acabe sendo diferente do que sugeri. Mas espero que, de fato, a BMW faça algo para agregar os proprietários e chamar a atenção para sua linha i. Com certeza, uma viagem de centenas de quilômetros seria um fato relevante, que poderia ser aproveitado para reportagens inclusive, já que a autonomia continua sendo um dos pontos sensíveis de veículos elétricos no Brasil e no mundo.

Viagens longas com o i3. Sim, é possível (e mais fácil do que imaginava)

Esta semana está sendo muito interessante para quem tem ou gosta de carro elétrico. Começamos com um colega do nosso grupo de whatsAPP de usuários, proprietários e entusiastas do BMW i3, Roberto, que veio do Rio à São Paulo com seu i3. E já fez isso outras vezes. Fez três paradas para abastecer o tanquinho de 9 litros do REx (extensor de autonomia) e ainda chegou com bateria de sobra.

A dica quentíssima do Roberto é partir com a bateria totalmente carregada e, quando ela atingir 75% (carga máxima em que é possível ligar o REx) acionar o extensor de autonomia. Geralmente, a bateria acaba perdendo um pouco de carga mesmo com o REx ligado. Para recuperar a carga de 75%, quando a gasolina estiver acabando, siga o seguinte procedimento:

  1. Pare num posto de gasolina
  2. Não desligue o carro e não abra a porta do motorista
  3. Não coloque o câmbio em P (park)
  4. Abra a tampa do combustível por meio do botão que fica próximo à perna esquerda do motorista e mande o frentista completar

Com o carro ligado e rodando, o REx continuará acionado até carregar a bateria ao nível em que foi inicialmente acionado (75%, no caso).

Outro fato que merece destaque: neste final de semana acontecerá um encontro de alguns proprietários de i3 e outros veículos híbridos em Teresópolis. Promovido pelo Luiz, o encontro será num lugar paradisíaco na serra. E, se tudo der certo, desse encontro surgirá o embrião de uma associação ou cooperativa de compras. Ou algum outro tipo de organização que nos ajude a ter mais voz, poder de negociação e influência para pleitear incentivos junto ao governo. Um exemplo prático: o IPVA de carros híbridos e elétricos no estado do Rio é de 0,5%. Em São Paulo, é de 4% ou, se for emplacado na capital paulista, 3%. Isso representa alguns milhares de reais que se tornam mais um obstáculo à ampla adoção de veículos do gênero. Organizados, podemos tentar um diálogo com o governo paulista e pleitear a redução ou isenção do imposto.

Como o pessoal do Rio está muito atuante, outro membro carioca do grupo, o Cesar, também esteve em São Paulo. Mas não veio de i3. Tive o prazer de conhecê-lo e almoçamos juntos no shopping  Pátio Paulista. Aliás, esse shopping  tem duas vagas para recarga de veículos elétricos com um carregador com duas saídas. Porém, apenas uma delas está ativa.

Ah, sim: não são apenas os Cariocas que se aventuram em viagens longas. Nosso colega Leonardo está viajando de São Paulo à Teresópolis com seu i3. Enquanto escrevo estas linhas, ele já deve ter plugado seu carro numa tomada no hotel em que ficará hospedado em Penedo para, amanhã, seguir viagem ao destino final. Confesso que estou super empolgado para encarar uma viagem grande com o carrinho também, já que tivemos esses cobai…quero dizer, desbravadores mostrando que é possível.

img_50791
Após 349 quilômetros rodados, com apenas uma parada para abastecer, o i3 do Leonardo chegou a Penedo com uma autonomia restante de 91 km.

Fechando a semana, fui convidado para ser personagem numa matéria do programa Auto Esporte, da TV Globo. Mas isso é assunto para o próximo post. Falei que a semana foi interessante, não é mesmo?

Portugal 7 X 1 Brasil, i3 com mais de 100 mil Km e o Salão de SP

Isso é o que dá ficar muito tempo sem escrever um post. Os assuntos acumulam. Então, espere um post longo, caro leitor.  🙂

Há duas semanas, estive em Lisboa para a inauguração da filial portuguesa da Dinamize (empresa da qual sou diretor comercial). E fiquei impressionado com o quanto mais evoluídos os portugueses estão em relação à adoção de veículos elétricos. Há muitos pontos de recarga em Lisboa e mais incentivos do governo do que aqui no Brasil. Tanto é verdade, que a Tesla está para inaugurar sua primeira concessionária autorizada no país. É. Portugal dando de goleada no Brasil, infelizmente.

Participo de um grupo de proprietários e entusiastas do BMW i3 no Brasil. E contamos com a participação do ilustre João, português do Porto, que já rodou mais de 105 mil quilômetros com seu i3 BEV (puramente elétrico, sem o gerador de energia a gasolina). E sua bateria está com 98% da capacidade. Creio que está melhor do que a do meu carro, que ainda nem chegou aos 5 mil quilômetros. Como se isso já não fosse uma boa notícia, o João não gastou nem 1 euro de manutenção até o momento. Como em São Paulo a qualidade da nossa malha viária é abaixo de péssima, eu não espero ter a mesma sorte.

img_5022
Impressionante: 105 mil quilômetros e a bateria com capacidade praticamente inalterada.

Por meio do João, tive o privilégio de conhecer outro proprietário do i3, o Marcos, a quem encontrei no estádio da Luz, do Benfica. Aliás, dei sorte ao assistir ao jogo: o Benfica ganhou do Dynamo de Kiev. Tanto o Marcos, quanto o João, fazem parte da UVE, Associação dos Utilizadores de Veículos Elétricos. São muito atuantes e organizados. Inclusive, comprei duas camisetas e ganhei um “kit” de materiais com adesivos e folhetos de “advertência” para quem estaciona inadvertidamente em vagas de carros elétricos. O i3 do Marcos, que possui o REx (extensor de autonomia, a gasolina) já rodou mais de 56 mil quilômetros. E sua bateria também está impecável e, assim como o João, não teve problemas com manutenção.

De volta ao Brasil, sou agraciado pela BMW com um par de convites para o Salão do Automóvel de SP. E com direito à area VIP da montadora. No estande da marca há, entre vários outros modelos, um i3 igualzinho ao meu e um i8. Eu creio que devo ter ajudado a empresa a vender uns dois ou três i3, pois dei um testemunho entusiasmado sobre o carro para várias pessoas.

Consegui conversar com um diretor e um gerente da BMW e expus o grande temor de nós, proprietários brasileiros do i3: a continuidade das vendas do modelo no país. Todos sabemos que a revenda do i3 é algo bem difícil, por se tratar de um veículo diferente, de um segmento ainda embrionário por aqui. Mas, se a BMW parar de importar e vender o i3, a situação ficaria ainda pior, inclusive para eventuais manutenções do veículo devido à espera por peças. Para meu alívio, e de meus colegas que também possuem o veículo, não há nenhuma sinalização de que a BMW deixará de vender o i3 no Brasil. No entanto, segundo o que me disseram, devem reduzir a lista de itens de série nos novos modelos para reduzir seu preço. Um dos itens é o piloto automático adaptativo. Este recurso é sensacional, mas exige um povo educado no trânsito, o que não acontece no país. O Park Assist (que estaciona sozinho o veículo) é outro recurso que, eventualmente, poderá ser retirado do veículo. Se isso se refletir num preço significativamente menor, creio que vale a pena. Eu, por exemplo, continuaria muito disposto a adquirir o carro sem esses mimos.

Também tive a oportunidade de conversar com o responsável pelas vendas da concessionária Autostar, a quem transmiti a mesma preocupação. E, segundo ele, as concessionárias habilitadas a trabalhar com a linha i investiram muito para obterem a homologação e qualificação. Não seria uma boa decisão da montadora deixá-los na mão ao suspender a venda da linha i no país.

A propósito, se você está lendo meu blog e tem interesse no i3, aproveite: as últimas unidades 2014/2015, zero km, ainda estão com um preço ótimo. Eu aposto que os novos modelos do i3 custarão, pelo menos, uns R$ 20-30 mil a mais do que o preço atual, se a alíquota de imposto e cotação do dólar continuarem nos patamares atuais. Hoje, o valor o i3 brasileiro, convertido em dólar, está MAIS BARATO do que no mercado americano. Nos EUA, a versão com o REx começa em U$ 48 mil, veja aqui. E o modelo REx de entrada no Brasil, com a cotação do dólar de hoje a R$ 3,42, sai por por pouco menos de U$ 47 mil.

Após conversar com a BMW e a Autostar, e ter um certo alívio, continuei passeando pelo salão. Infelizmente, minha percepção é de que as montadoras em geral não estão mais com foco em veículos elétricos ou híbridos tipo plug in (que têm autonomia reduzida para rodarem apenas em modo elétrico, ideal para deslocamentos urbanos).  Algumas até expuseram seus carros elétricos ou híbridos plug in, como a Renault (com o Zoe), a Kia (com Soul EV), a Citröen (com o E-Méhari), a Chevrolet (com o Bolt) e a Hyundai (com o Ioniq). Entretanto, conversei com todas essas montadoras e nenhuma, sem exceção, tem planos concretos para trazerem seus modelos elétricos/híbridos para o Brasil. É uma grande decepção pra mim. Não tenho o i3 para ser diferente ou exceção. Comprei-o por uma questão de atitude e para ajudar a disseminar a cultura da mobilidade elétrica no Brasil. Mas, enquanto só a BMW levar a sério esse nicho no país, somos, os proprietários, como Don Quixotes na nossa jornada. Sonhadores, românticos, mas vivendo uma ilusão.

Por fim, estamos iniciando uma discussão sobre a criação de uma associação de usuários de carros elétricos. Provavelmente, algo nos moldes da UVE portuguesa. Se você, leitor, tiver interesse em participar desse movimento, entre em contato comigo.